Lana ouviu o
silvado dos carros que corriam ininterruptos no elevado bem ao lado da janela
de seu quarto. Plenamente desperta, passa
os olhos pelo ambiente onde estava e se dá conta da presença do corpo inerte
de um homem a seu lado.
O ronco
parece um sutil cruzamento entre o assovio de um trem e o grunhido de um porco.
A visão pura da paz que ela nunca conseguiu sem ao menos ingerir algumas doses
destiladas.
Quem seria
aquele homem se pergunta de onde veio não devia ter bebido tanta cachaça
naquele bar da Baixa Augusta. Ela olha atentamente para o corpo bem servido
de gorduras e escrutina cada pêlo que grisalho parece aderir à pele macilenta.
O acaso os juntaria numa noite para se tornarem cônjuges?
Não sou perfeita ao contrário quantos bares visitei em quantos homens eu trepei. Menos histórias ele não tem para acabar aqui ao lado e visitar minha greta côncava.
Imersa em conjecturas nem percebe que já vestido aquele homem se encaminha para a porta.