segunda-feira, 26 de julho de 2010

Truecolors


domingo, 18 de julho de 2010

Garrel


Assistir Louis Garrel me provoca uma intensa vontade de fumar. Devo dizer que a vontade de hoje foi um tanto superior às anteriores, já que assisti The Dreamers e Les Chansons d'Amour seguidamente. Overdose.
A minha intenção não é aqui fazer um ode à beleza do ator francês, mas que fique registrado seu sex appeal.
Garrel me deixa boêmio. Também com vontade de fazer sexo com ele, mas como se  trata de uma impossibilidade absoluta, fumo. 
Impossibilium nulla obligatio est.(D.50,17,fr. 185 Celsus octavo libro digestorum)

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Tio Derchi


Pensei em falar do início dos tempos, da visão dos trópicos ou das peripécias armadas pelo destino que fizeram  meus ancestrais aqui se instalarem. Besteira. Ela provavelmente se confundirá com a própria visão do Descobrimento do Brasil, à exceção de que os parentes maternos não toparam com as vergonhas das cândidas Iracemas, mas com a podridão do porto de Santos.
Talvez a história da baleia instalada sob o casco do navio que trouxe minha trisavó Amália ao país, fosse tão importante quanto o sopro matreiro de Éolo nas velas de Cabral. Deixo isso para depois.
Tio Derchi, é sem sombra de dúvida, um dos maiores mitos de minha família. Era, aparentemente, irmão de meu trisavô Pietro e tinha o péssimo hábito de se portar mal à mesa, comendo à moda ostrogoda: feito um bárbaro.
Ninguém suportava sua companhia para o jantar. As crianças o adoravam, aproveitavam sua presença para transgredir as regras da pequena ética, afinal ninguém seria lembrado na presença de Tio Derchi de que estaria comendo horrivelmente. Ele poderia ficar magoado.
Aos poucos, a frase "Não vá comer feito o Tio Derchi!" adquire o caráter de provérbio na educação dos pequenos.Eu mesmo a ouvi um sem número de vezes, e a repetia às minhas primas.
Tio Derchi ad imortalitatem. Quem diria.

Crônicas de família

 
 
Resolvi empreender um relato da vida pregressa daqueles que tenho como ancestrais. Nobre gente de brasão cujo vazio existencial dava um buraco negro.
Sem eles, não sou nada,sou síntese.
Fantasmas a balançar correntes, velhas fotografias emolduradas de prata nos salões das casas dos que sobreviveram ao futuro. É a vez deles serem narrados. Não esperem poesia tampouco bastiões de moralidade, embora eu tenha para mim que as tintas com as quais eles foram pintadas tem a função de garantir exemplos de conduta para as futuras gerações.
Eles só são um pouco...Cubistas.

Já sinto


(fortodyimaboy)

Vem semelhante à noite, diz Homero ou Odorico, ou dizem Homero e Odorico, de um Apolo irado a vingar seu filho Crises das vis ofensas de Agamênon. 
Pobre Apolo, luminoso barba-azul do Olimpo. Quem ele amou, morreu. Seu fado é prantear um sem número de amantes. Tragédia. Tragédias.
Quem dera eles virassem flor feito Jacinto.
Jacinto beijos doces sentado em seu colo.Jacinto o atrito do meu corpo nu junto ao seu a pelejar. Jacinto nosso grito de gozo em uma rendição simultânea.
Já sinto. Seu perfume.

sábado, 10 de julho de 2010

Sensualizar é preciso


Inconfidências íntimas também é lexicografia.
Sensualizar.V.t.d. 1. Excitar aos prazeres dos sentidos; tornar sensual.P.2.Tornar-se sensual.§sensualização, s.f.
(Aurélio Buarque de Holanda Ferreira)

Meu Machado


Machado de Assis, Marc Ferrez.


My name is Anastasia Beaverhausen

:

let them rock

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Nós três


Os três amam um ao outro de forma bastante peculiar. Mal se veem o ano todo. Dois se encontram mais do que um. Há uma disparidade na proporção de visitas, mas como não houve separação, e caso ela venha será litigiosa, não se discute a obrigatoriedade nem a regularidade dos encontros. Eles acontecem.
Brigam. E como brigam. Preferencialmente sob a luz do dia. Quando Diana toda absoluta sobe aos céus
é a hora da reconciliação. Na alta madrugada voltam todos para suas camas, felizes, amigos, amantes.
Dois fumam ativamente. Uma é fumante passiva. Provavelmente acabarão processados no fim da vida em decorrência de uma bronquite que quem passivamente aguenta os gases tóxicos adquirirá. Ou não. Ela é médica. Dois são advogados. Desproporção. Precisa-se mais de advogados ou médicos? Quem sabe? As pessoas brigam em juízo tanto quanto ficam doentes.
De vez em quando, o trio adquire características de uma ciranda de pedra lygiafagundestellesana. Passa. Afinal não há Virgínia. Não há Conrado. Não há (tanta) podridão.
As horas lado a lado nunca são nuas. Na verdade são. Safadamente nuas.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Laocoonte


Carnaubais
Caatingas

Vacaciones




Férias implicam uma série de planos. Um mítico espaço de tempo no qual você sempre imagina que caberão as tarefas mirabolantes e a tentativa de recuperar o tempo.
Eu sempre carrego comigo pilhas de livros, adquiridos durante o semestre e nunca lidos devido à procrastinação ou às obrigações universitárias. Tenho o velho costume de ficar irritado com livros não lidos na estante.
Nessas férias, segurei-me para não retirar os livros velhos amigos e só trazer os desconhecidos. Deixei Homero cabisbaixo com os olhos cegos, de reprovação. Eça estava visivelmente contrafeito ao me ver levar o Machado ao invés dele. Dos Gabriel-García-Márquez só trouxe os Cien Años de Soledad em língua espanhola, antiga promessa não cumprida.
Os ciúmes se espalharam pela estante quando bom e velho Bandeira completo foi retirado do lugar habitual. Dele eu não me desgrudo.
Diante da pilha formada paira a dúvida: por onde começar?
Machado todo de couro dará o ar de sua graça. Vou atrás de Brás Cubas em seu caixão, ouvir de novo suas memórias. Eu era muito novo para entendê-las no nosso primeiro encontro. É a hora da verdade, antes que eu fique velho demais.