sexta-feira, 9 de julho de 2010

Nós três


Os três amam um ao outro de forma bastante peculiar. Mal se veem o ano todo. Dois se encontram mais do que um. Há uma disparidade na proporção de visitas, mas como não houve separação, e caso ela venha será litigiosa, não se discute a obrigatoriedade nem a regularidade dos encontros. Eles acontecem.
Brigam. E como brigam. Preferencialmente sob a luz do dia. Quando Diana toda absoluta sobe aos céus
é a hora da reconciliação. Na alta madrugada voltam todos para suas camas, felizes, amigos, amantes.
Dois fumam ativamente. Uma é fumante passiva. Provavelmente acabarão processados no fim da vida em decorrência de uma bronquite que quem passivamente aguenta os gases tóxicos adquirirá. Ou não. Ela é médica. Dois são advogados. Desproporção. Precisa-se mais de advogados ou médicos? Quem sabe? As pessoas brigam em juízo tanto quanto ficam doentes.
De vez em quando, o trio adquire características de uma ciranda de pedra lygiafagundestellesana. Passa. Afinal não há Virgínia. Não há Conrado. Não há (tanta) podridão.
As horas lado a lado nunca são nuas. Na verdade são. Safadamente nuas.

Nenhum comentário: