domingo, 5 de dezembro de 2010

Ode ao desquite


(Don't get mad. Get everything.)

Você provavelmente vai achar isso estranho, mas adoro filmes de mulheres divorciadas desde criança ( e há quem pense que eu não sou gay).
Destruídas por verem o sentido de suas vidas se esvair, aquelas mulheres que tinham no casamento o seu pilar empreendem um processo de auto-reconstrução que sempre me deixou fascinado. Ainda mais se ele vinha acompanhado de uma justa vendetta (deve ser o sangue da Calábria se manifestando nos meus gostos), como a que Bette Midler, Diane Keaton e Goldie Hawn fazem em The First Wives Club, uma de minhas comédias preferidas.
Também sou afeito aos dramas, e os lamentos que a outra Diane, desta vez Lane, não cansa de proferir em Under the Tuscan Sun, entre as colheitas de azeitonas,os cálices de vinho e a reforma de uma casa centenária que ela comprou por impulso não deixam de me divertir.
Eu cresci ao lado de uma mulher divorciada, e isso provavelmente influiu na minha simpatia por essa classe de filhas de Eva. Para os mais afoitos, não se tratava da minha mãe, mas da minha avó, um toque de modernidade quando se cresce na província. Avós divorciadas ainda não são muito comuns, muito menos eram nos anos 1990.
Minha avó bebia whisky, fumava compulsivamente,vestia Chanel e era fanática por livros e filmes sobre a Segunda Guerra Mundial. Mais sui generis, impossível. Ela também gostava de Chuck Norris, mas prefiro não entrar em muitos detalhes quanto a isso para não destruir o personagem folclórico que ela foi.
Hoje ela perdeu um pouco da graça, voltou a frequentar a Santa Madre Igreja e parou de beber. Deve ser a idade da remissão dos pecados.

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